O ano está quase acabando, e nossas críticas especiais de aniversário também. Mas não podemos fechar o ano de homenagens ao Morcegão sem falar do filme que foi o divisor de águas na franquia do protetor de Gotham e também em todo cinema de Super-Heróis: Batman Begins.
Depois de anos na geladeira após o fracasso de Batman & Robin (do qual já falamos aqui), várias tentativas de trazer o Morcegão de volta às telonas foram iniciadas. Era um Batman vs. Superman daqui (ironicamente), Batman: Ano Um de lá, até que um tal de Christopher Nolan apareceu para trazer sua visão das origens do Homem-Morcego para o cinema.
Junto do roteirista de quadrinhos David S. Goyer, Nolan voltou às origens do Batman contadas em Batman: Ano Um de Frank Miller e David Mazzucheli, e ainda introduziu uma versão dos anos de treinamento do Batman, o que até então só havia sido pincelado superficialmente nos quadrinhos, e ligou-o diretamente ao surgimento dos vilões Ra's Al Ghul e Espantalho.
O resultado foi um grande divisor de águas em termos de filmes baseados em quadrinhos. Com um clima sombrio e adulto, Batman Begins capturou o que havia sido feito de melhor até então e criou uma atmosfera própria, que além de uma trilogia de sucesso, também gerou um estilo que viria a ser muito copiado desde então.
Todos os atores, com destaque para Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson e Gary Oldman, ficaram impecáveis em seus papéis.
Bale criou uma diferença sistemática entre Batman e Bruce Wayne no desenvolvimento do papel. Um Batman que, enquanto símbolo, cria uma linguagem corporal e falada aterrorizante aos criminosos, um Bruce Wayne playboy e o verdadeiro Bruce Wayne, um homem ferido e traumatizado pela vida. Tudo amarrado numa persona sensacional, vestida em um dos melhores uniformes do Batman que já apareceram no cinema, vide o sucesso que ela já obteve quando as primeiras fotos começaram a pipocar pela internet.
Michael Caine é impecável como Alfred,e o mesmo pode se dizer de Morgan Freeman como Lucius Fox . Liam Nesson, como Henri Ducard/Ra's Al Ghul criou um personagem incrível enquanto mentor e enquanto vilão, e que teve sua revelação como vilão em um twist ending do roteiro que viria a ser muito copiado depois disso (cof, cof, Homem de Ferro 3, cof, cof).
Gary Oldman, quem diria, um ator tão renomado foi o James Gordon perfeito. E ele se escondendo por trás daquela peruquinha estranha em O Quinto Elemento, hein.
Vale destacar também a atuação impecável de Cillian Murphy como Jonathan Crane/Espantalho. Murphy fez o teste para o Batman, mas Nolan achou que o ator condizia mais com o papel do mestre do medo. Acertou tão em cheio que Murphy repetiu o papel mais duas vezes, o único além do quarteto principal (Batman, Alfred, Lucius e Gordon) a fazê-lo. Um pontinho também para Katie Holmes, que apesar de um tanto café-com-leite ainda mostra competência como a assistente de promotoria Rachel Dawes, o interesse romântico do Batman criado exclusivamente para a trilogia de filmes.
O roteiro, que traz consigo tantas origens amarradinhas e conteúdo de tantas histórias clássicas do Morcegão envolve o espectador do início ao fim.
Batman Begins iniciou uma trilogia incrível, um episódio épico da trajetória do Morcegão fora das HQs. E, em uma clara referência a Ano Um, o Batman recebe do Tenente Gordon uma carta "coringa" no final do filme. E nós sabemos que isso só significa que muita dor de cabeça ainda estaria por vir...
Veredito: Perfeito? Talvez não. Ainda assim é difícil tirar o posto de Batman Begins como um dos melhores filmes de origem na história do cinema baseado em HQs.
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