Anos atrás Alan Moore e Brian Bolland realizaram a façanha de transformar um já icônico vilão no maior vilão das histórias em quadrinhos. Adaptar a história para qualquer mídia seria um desafio enorme.
Você chega quase a compreender a insanidade do Coringa, a entender o porquê da sua loucura. Ao mesmo tempo, você cria um imenso ódio pelo vilão e suas desconcertantes atitudes. Na animação, uma desnecessária introdução que não está na HQ nos mostra um lado que não queremos conhecer de Barbara Gordon. A jovem pupila do Homem-Morcego larga o manto após envolver-se com o Batman, digamos, extra-profissionalmente, e após ser comprometida em combate. Depois disso, somos apresentados à história do quadrinho, quase quadro-a-quadro com alguns poucos (e desnecessários) acréscimos.
A HQ original, como um todo, já possuía uma magia própria para inspirar um longa-metragem, mas o tempo de duração aqui é preenchido de forma que realmente soa desnecessária e forçada. Enquanto a procura pelo Coringa cria para o protagonista as necessárias cenas de ação contra capangas e criminosos pelas ruas, algumas cenas tiram o mistério das sutis questões que ficam no ar na HQ. Algumas coisas que no quadrinho são apenas sugeridas, aqui são apresentadas de forma rasgante e sem mistério. Um desperdício de sequências memoráveis.
Enquanto o Coringa constrói seu minucioso plano para enlouquecer o mais são dos homens, somos apresentados a sequências de flashback similares à da HQ. Infelizmente, sendo apresentadas de forma simples e direta, não apresentam a mesma atmosfera agoniante dos quadros de Bolland, nem o texto poderoso de Moore possui o mesmo efeito da HQ,
O que realmente brilha aqui são as vozes dos veteranos Kevin Conroy e Mark Hamill, que continuam brilhando como nunca em seus papéis. E, independente do resultado final, ver A Piada Mortal em movimento é realmente emocionante.
A Piada Mortal não tem o mesmo poder como animação quanto tem como história em quadrinhos. Ainda assim, a história de Moore e Bolland merece uma conferida. Quase três décadas atrás o Coringa ganhou uma das maiores histórias em quadrinhos de todos os tempos, e mesmo com uma animação reverente ao original, a nona arte continua sendo a casa do mestre da loucura.