Apesar de Batman - O Retorno ter sido um grande sucesso, a Warner Bros. achou que Batman deveria ter filmes mais "familiares", por considerar o filme de Burton muito soturno. Para a tarefa, chamaram o diretor Joel Schumacher, de Garotos Perdidos.
Sinopse: Duas-Caras (Tommy Lee Jones) e Charada (Jim Carey), dois excêntricos bandidos, decidem descobrir a identidade do Homem-Morcego (Val Kilmer) para depois mata-lo. Este por sua vez recebe a ajuda de um jovem (Chris O'Donnell) que tem sede de vingança, por ter perdido a família em um acidente provocado exatamente pelo Duas-Caras.
Em Batman Eternamente, Schumacher até que fez um bom trabalho. A sua compreensão de quem é o Batman e o que ele representa é um tanto equivocada ("as garotas adoram o carro", né...) mas nada que comprometa a atuação de Val Kilmer como Batman, sem dúvida uma das melhores interpretações do personagem até hoje.
O que incomoda a princípio também é o Robin de 30 anos de idade. Chris O'Donnell foi escolhido em um páreo contra Leonardo Dicaprio, Prince (cuma!?) e Marlon Wayas (what???). Mas no fim das contas, a história acaba ganhando uma certa coesão, e a interpretação de O'Donnell chega a ser convincente. Mas que, sem o Robin, o filme até poderia ser melhor, não resta dúvida.
O veterano Tommy Lee Jones é quem passa vergonha na película, com uma versão do Duas-Caras que parece ter saído do seriado dos anos 60 e se perdido por aqui. O mesmo não pode se dizer do Charada de Jim Carrey, que apesar de exagerado em alguns momentos, é um ponto muito positivo do filme. Afinal, o mestre dos enigmas sempre teve um estilo um tanto excêntrico, que caiu como uma luva para Carrey.
Pat Hingle repete aqui seu apagado Comissário Gordon, enquanto Michael Gough dá novamente um show como Alfred. A belíssima Nicole Kidman alterna entre momentos "vergonha alheia" e bons momentos no filme. Sua interpretação é boa, mas o roteiro não ajuda.
Roteiro esse que é muito esforçado. Vale acrescentar que, em termos de desenvolvimento de história, o roteiro de Akiva Goldsman, Janet Scott Batchler e Lee Batchler teve um avanço em relação aos filmes de Burton. Se nos capítulos anteriores da franquia uma direção competente salvava o roteiro fraco, aqui acontece exatamente o contrário. Com elementos como Bruce Wayne sendo assombrado por seu passado e a história trágica de Dick Grayson, com um ou outro elemento que carrega o filme para a sobriedade, o roteiro é um dos melhores da franquia. As pontas soltas estão bem mais nos ombros de Schumacher do que dos roteiristas.
A trilha-sonora de Elliot Goldenthal é bem lembrada, e chega a ser interessante, mas perde muito sua força ao ser comparada com a trilha de Danny Elfman nos filmes anteriores.
Batman Eternamente é um ótimo filme. Não tem o peso de Batman - O Retorno nem a qualidade de Batman - O Cavaleiro das Trevas, mas sendo dirigido por um Joel Schumacher bem produzido e mais controlado, tem momentos sensacionais, atuações competentes e um bom roteiro.
Com o decorrer dos anos, o filme tem sido injustiçado pela maioria pelos pecados da sequência, Batman & Robin. Mas Batman Eternamente foi, e continua sendo, uma das melhores adaptações do Batman para o cinema. Afinal, como o trailer dizia: "Coragem, agora! Verdade sempre! Batman Eternamente!" (piegas, mas eficaz).
Se Schumacher tivesse parado por aqui, quando estava por cima, poderia ir a muito mais convenções de quadrinhos hoje em dia.
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