(Batman & Me é o título da autobiografia de Bob Kane, de onde também veio a imagem usada como referência acima. Acho um título e uma imagem válidas para o que vou escrever a seguir. Peço licença para pegar emprestado, Bob.)
Quando você pergunta para alguém quem foi o herói da sua infância, as respostas são das mais variadas. A pessoa pode te falar sobre aquele personagem que salvava cidadãos de terríveis ameaças. Alguns dirão que foi seu pai, seu avô. Eu tive vários, e me sinto privilegiado por isso. Mas um dos poucos que ainda carrego até hoje é o protetor de Gotham City.
Muitas pessoas me perguntam o porque dessa admiração pelo Batman que eu tenho, o porque de eu considerá-lo não só o melhor entre os personagens de HQs, como também meu herói pessoal, quase um ídolo. E a resposta é quase sempre a mesma: "um personagem que foi criado há mais de 70 anos e continua atual como nunca, e atrai legiões de fãs por todo o mundo, dos mais variados tipos, tem que ter algo de muito especial para atrair tantos admiradores".
Neste ano de 2014, o Homem-Morcego completa 75 anos de existência, e acho que nada melhor para abrir esse ano comemorativo, do que tentar expressar aqui não só minha admiração pela criação de Bob Kane e Bill Finger mas de onde acho que ela surgiu.
Tudo começou quando este que vos fala tinha por volta de 3 a 4 anos. Minhas memórias dessa época são um tanto remotas (é claro) mas lembro do Batman em boa parte delas. Lembro-me da fixação nos episódios de Batman - The Animated Series, e de uma noite em que, ao ser exibido Batman - O Retorno em uma dessas sessões de Tela Quente ou Cinema Especial da vida, meu pai me chamara para assistir Michael Keaton em sua armadura emborrachada enfrentando artistas de circo pelas ruas soturnas de Gotham. Munido de meu inseparável boneco do Batman de Val Kilmer, lá estava eu, acompanhando mais uma aventura do Cavaleiro das Trevas como se fosse a coisa mais incrível do mundo.
Também lembro-me de uma vez, quando tinha entre 6 e 7 anos, e meu pai havia alugado um VHS de um filme com Sean Connery. Não me recordo qual. Nos trailers antes do filme, havia um trailer de Batman Eternamente (assista-o aqui). Com Jim Carrey, um dos meus atores favoritos na época e até hoje, em destaque como Charada, e um Batman mais próximo do que eu tinha em minha imaginação, na pele de Val Kilmer, aqueles poucos minutos me deixaram extremamente vidrado. Ao ponto de eu pedir para meu pai colocar a fita várias e várias vezes apenas para assistir o trailer.
Não preciso dizer que, quando ele trouxe a própria fita de Batman Eternamente para casa, tive um dos momentos mais felizes da minha infância, algo que, apesar da névoa que o passar do tempo impõe sobre algumas lembranças, nunca se apagou. "Está vendo aqui escrito 'dublado'?" disse meu pai, "sabe o que quer dizer?". "Não" disse eu, ao que ele respondeu "quer dizer que o filme foi dublado, por isso tem o áudio em português".
Não só meu pai, como minha mãe e avó também tiveram papéis cruciais na inserção do Homem-Morcego na minha vida. Entre bonecos de presente e uma ou outra HQ na banca da rua, eu mergulhava cada vez mais em Gotham, a ponto de eu, aquele garoto sonhador de uns 7 anos, me sentir um cidadão da sempre ameaçada cidade. Um espectador esperançoso das emocionantes ações do Batman, para mim quase um amigo pessoal.
Aos 13 anos numa Loja junto a um boneco do Batman. |
Em 2013 ministrado uma palestra sobre super-heróis representando o Batman Brasil, |
Aqui estou eu, quase 17 anos depois, lembrando-me apenas de um pouco do que fez eu me tornar um fã do Batman. O porquê de eu ser, parece que eu realmente não consigo explicar. Acho que nenhum verdadeiro fã consegue. Nós vemos algo no personagem que admiramos, que mais ninguém vê. Talvez se soubéssemos o que é, não seriamos tão fãs quanto somos. Acho que isso é ser fã. Admirar sem saber o real porquê.
E anos depois de meus primeiros contatos com o Batman, encontro-me mais fã do que nunca. Entre os altos e baixos do personagem, estive ali do seu lado. Como um bom amigo para resistir a tempestades como "Batman & Robin" e comemorar grandes momentos como "O Cavaleiro das Trevas" como se fossem vitórias também minhas.
E eu sei que Batman estará lá comigo, até o fim. Porque no fim das contas, acho que maior do que qualquer superpoder que Kane e Finger pudessem dar ao Homem-Morcego ao criá-lo, eles lhe deram algo muito mais precioso: a capacidade de nunca desistir. Uma lição que eu carrego sempre comigo. E o Batman ainda não desistiu de mim. E nem eu dele.
E eu sei que Batman estará lá comigo, até o fim. Porque no fim das contas, acho que maior do que qualquer superpoder que Kane e Finger pudessem dar ao Homem-Morcego ao criá-lo, eles lhe deram algo muito mais precioso: a capacidade de nunca desistir. Uma lição que eu carrego sempre comigo. E o Batman ainda não desistiu de mim. E nem eu dele.
Neste ano em que ele completa 75 anos de existência, eu me reservo ao direito de dizer ao meu eterno amigo apenas algumas poucas palavras: