27 de julho de 2012

Crítica | Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge



Depois do MEDO...

Depois do CAOS...

Ressurge a ESPERANÇA...




Há mais ou menos 34 anos, em 1978, Richard Donner se propôs a mostrar para o mundo que o homem podia voar, lançando seu sucesso Superman - O Filme e o marcando como uma das mais amadas adaptações dos quadrinhos para o cinema.

Há mais ou menos 7 anos, Christopher Nolan aceitou uma tarefa ainda mais difícil: mostrar que um homem poderia se vestir de morcego para combater o crime numa realidade como a nossa.

Nós, fãs do Batman, estamos perfeitamente acostumados com o conceito do herói e o que o levou a ser o que é, mas para o grande público, Batman não passava de um super-herói como qualquer outro, só que sem superpoderes. Só o cinema poderia mudar a imagem do Homem-Morcego diante do grande público e mostrar como todo seu histórico de treinamento e transformação em herói são relevantes e complexos.

Depois de quatro adaptações ao cinema (três razoáveis e uma sofrível) o guardião de Gotham amargava uma triste história no solo cinematográfico. O salvador da pátria foi um talentoso diretor que jamais havia tido contato com um filme do gênero antes: o já citado Christopher Nolan.

E após duas adaptações incríveis do Homem-Morcego, para a tristeza dos fãs, Nolan resolveu terminar a lenda, como já diz o material promocional do filme.


Mas, afinal, o que é Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge?


Mais do que um filme, uma declaração de amor ao personagem...



Eis a sinopse:
Se passaram oito anos desde que Batman desapareceu na noite, transformando-se, neste instante, de herói para fugitivo. Assumindo a culpa pela morte do Promotor Público Harvey Dent, o Cavaleiro das Trevas sacrificou tudo pelo que ele e o Comissário Gordon acreditavam ser o bem maior. Por um tempo a mentira funcionou, e a atividade criminosa em Gotham City foi derrubada pelo anti-crime Ato Dent.
Mas tudo irá mudar com a chegada de uma habilidosa assaltante felina com uma misteriosa agenda. Muito mais perigoso, entretanto, é o surgimento de Bane, um terrorista mascarado cujos planos implacáveis para Gotham trazem Bruce de volta do seu auto-imposto exílio. Mas mesmo se ele vestir a capa e o capuz outra vez, Batman pode não ser um desafio para Bane.
Bom, se depois do aclamadíssimo Batman: O Cavaleiro das Trevas, havia o pensamento de que Nolan não poderia se superar, O Cavaleiro das Trevas Ressurge vem para acabar com este pensamento, mas não estou dizendo que este filme supera o anterior.


TDKR se assume como um filme de quadrinhos. Não que os outros não o façam, mas em TDKR Nolan parece ter ainda mais liberdade criativa e mais liberdade sobre essa realidade. Seu Bane, por exemplo, é um vilão levemente mais caricato, se comparado aos dos filmes anteriores, não que isso seja ruim, afinal o Bane de Tom Hardy (que está grande e assustador no filme) chega a ser melhor que a versão dos quadrinhos, pois nós sabemos que o Bane original não tem uma "background story" muito genial, apesar de interessante.


O jeito como Nolan amarra a trama e a traz para a realidade é o que chama a nossa atenção. Algo que ele fez magistralmente nos dois anteriores e aqui ele faz com mais sutileza e segurança, afinal ele já havia feito dar certo duas vezes.

Incomoda um pouco de início o ritmo mais acelerado e a introdução de vários personagens de uma vez, mas Nolan sabe fazer isso da maneira certa. Se muitos diretores pecam no excesso de personagens, Nolan consegue dar profundidade a todos que introduz na trama. O John Blake vivido por Joseph Gordon-Levitt (numa interpretação fantástica do ator) parece estar na franquia desde o primeiro filme, tamanha a facilidade de Nolan ao introduzir personagens de uma maneira coesa.
Quanto ao ritmo, com o tempo ele volta ao normal, e compreendemos a passagem de tempo e onde a história começa, sem nenhuma dificuldade. É claro que há erros no filme, como todo filme tem, mas faço essa crítica como um fã, que aprendeu a amar essa franquia e o que ela representa na história do Homem-Morcego.

De piada das adaptações, Batman hoje é referência de filme de super-heróis. Nolan soube equilibrar a ficção e a realidade sem grandes exageros, nos entregando a trilogia definitiva do Cavaleiro das Trevas.

O Cavaleiro das Trevas Ressurge fecha a trilogia com chave de ouro. Um roteiro sensacional, uma fotografia impecável, uma trilha sonora épica e atuações geniais.

Christian Bale é mais Batman nesse filme do que nos outros. Se em Begins e TDK, Batman aprendia a lidar com seus erros e se tornar um herói, neste filme ele compreende sua existência e o que representa, desafiando seus limites para salvar pessoas que nunca viu. Esse é o Batman que eu sempre conheci.
Tom Hardy, já citado antes, nos dá um vilão incrível. Bane dá medo, mesmo. É o tipo do cara que você não quer como inimigo. E a linda e talentosa Anne Hathaway nos dá a Mulher-Ga... ops... Selina Kyle (o nome do alter-ego não é usado no filme) definitiva. Se Michelle Pfeiffer nos deu uma ótima Mulher-Gato, Hathaway nos dá aquela com que sempre sonhamos. Uma ladra fria e esperta, que faz você se perguntar grande parte do filme de que lado ela está.


Michael Caine como Alfred e Morgan Freeman como Lucius Fox nos dão suas costumeiras atuações geniais. As cenas de Caine são tão emocionantes neste filme que dão um nó na gargante. Gary Oldman é o Comissário Gordon dos quadrinhos, e tem nesse filme sua melhor atuação na trilogia. Joseph Gordon-Levitt nos dá um personagem ótimo e muito bem desenvolvido.


Marion Cottilard tem sido criticada como ponto fraco do elenco, mas eu não concordo. Sim, ela podia ter feito melhor, mas sua atuação não afeta em nada o resultado final. E além disso, depois de duas "Rachels" sem sal, Batman finalmente consegue conquistar duas mulheres lindas. Hathaway e Cottilard são maravilhosas, e tornam nosso Batman um cara de sorte.


A história é tensa sim, mas não faz você quebrar a cabeça como a de TDK. A história de TDKR tem mais ação, conflitos resolvidos de maneira mais fácil (mas não pior) e encanta aos fãs. Aliás, é realmente recomendado que se assista aos dois primeiros antes de assistir este, porque há várias referências aos outros filmes durante a película. Destaque para as cenas sensacionais da primeira aparição do veículo "Morcego" e a guerra nas ruas de Gotham. Épicas!


Antes de concluir, vamos responder a duas perguntas que tem sido muito feitas:

- TDKR é melhor que TDK?
Sim e não. TDK tem uma história mais forte, um vilão mais carismático e um desenrolar muito interessante. Por outro lado TDKR é mais gostoso de assistir. Não é necessário muito raciocínio para responder às questões levantadas pelo filme, e isso é bom. Cada filme tem seus méritos, mas no resultado final, os dois são igualmente sensacionais.

-TDKR é melhor que Os Vingadores?
Essa é mais complicada... Como já foi dito antes, a comparação é complicada. É como comparar O Poderoso Chefão e Harry Potter, por exemplo. Isso sempre vai dividir opiniões, e apesar de derivarem da mesma mídia, possuem focos e resultados completamente diferentes.


É difícil concluir. Se saí da sala de cinema com lágrimas nos olhos, foi não só porque Nolan nos entregou um filme emocionante que mexe conosco, mas também pela dor do adeus. Pensar que não vai haver um próximo filme do Batman do Nolan encerra uma era de ouro, um tempo de felicidade que dificlmente vai se repetir entre os fãs, que já esperavam ansiosamente pelo próximo, um após o outro.

Sorri, chorei e aplaudi de pé uma trilogia que marcou não só a trajetória do Batman, mas também marcou a minha vida. Ao final da sessão, lá estavam as frases na minha cabeça: "Por que caímos Bruce? Para aprendermos a nos levantar"; "Ou você morre herói ou vive o bastante para se tornar o vilão"; entre tantas outas.

Mas a frase que mais se repetia na minha cabeça, é a que digo aqui de forma sincera:

Muito obrigado, Christopher Nolan.


Nota: 1000
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